Por Dulce Maria Rodriguez
O governo venezuelano decidiu cortar seis zeros do Bolívar, moeda oficial do país, e disponibilizar sua versão digital. Na prática, os valores serão divididos por 1 milhão e haverá uma nova série de cédulas (5, 10, 20, 50 e 100 bolívares), além da moeda de 1. A medida visa reduzir a hiperinflação que o pais enfrenta há anos.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro | Foto: Reprodução/Redes sociais
“A partir de 1º de outubro de 2021, o Bolívar digital entrará em vigor, aplicando-se uma escala monetária que elimina seis zeros da moeda nacional”, informou o Banco Central da Venezuela em comunicado. “Ou seja, todo o valor monetário e tudo o que for expresso em moeda nacional serão divididos por 1 milhão”.
Essa é a segunda vez, em dois anos, que o governo de Nicolás Maduro reduz zeros de sua moeda. Em 2019, o BCV decidiu tirar cinco zeros do Bolívar para conseguir a crise econômica no país. No entanto, a Venezuela enfrenta forte recessão, com 65% das famílias em estado de pobreza e redução do Produto Interno Bruto (PIB) em 80% nos últimos oito anos.
A primeira reconversão foi realizada em 2008 pelo antecessor de Maduro, o então presidente Hugo Chávez. É a terceira vez que a medida é adotada, totalizando a subtração de 14 zeros do Bolívar. Devido à instabilidade local, é comum que as negociações do dia a dia ocorram com base em preços marcados em dólares americanos.
O economista César Aristimuño, diretor de uma consultoria com sede em Caracas, disse à AFP que a decisão era esperada. “Os processos de faturamento e os processos contábeis das empresas já eram praticamente impossíveis”, argumentou.

A moeda que movimenta o comercio na Venezuela é o Dólar $
Reconversão não resolve a hiperinflação
De acordo com o Observatório Venezuelano de Finanças (OVF), a inflação acumula alta de 2.616% nos últimos 12 meses no país.
Para Marisela López, comerciante de Caracas, não haverá mudança. “Vamos ficar no mesmo”, afirmou. “Sobem os zeros, baixam os zeros, é como um jogo, mas a atividade da economia continua igual. Todos os produtos são pagos com dolar, ninguém quer ter bolívares porque não tem valor”.
“A reconversão não acabou com a hiperinflação, ao contrário, acelerou, aprofundou a destruição do Bolívar”, disse Ángel Alvarado, ex-deputado e membro do OVF.
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