Dólar sobe forte e bate R$ 5,62, após Trump anunciar tarifa de 50% sobre produtos brasileiros

 
Dólar sobe forte e bate R$ 5,62, após Trump anunciar tarifa de 50% sobre produtos brasileiros

10/07/2025



O dólar opera em alta de 0,88% por volta das 10h15 desta quinta-feira (10), aos R$ 5,5509, com os investidores repercutindo o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a aplicação de tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto. Na máxima, a moeda americana chegou a R$ 5,6213.

 

Acompanhando a reação ruim dos mercados, o Ibovespa registra queda de 0,99%, aos 136.124 pontos.

 

Ao justificar a medida, Trump citou Jair Bolsonaro e criticou o julgamento dele no STF, chamando o caso de “vergonha internacional”.

 

Especialistas no Brasil e no mundo destacaram o teor político da carta. "Não seria a primeira vez que os EUA usam a política tarifária para fins políticos", disse o economista Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel.

 

Com o anúncio, o Brasil se tornou o país com a taxa mais alta entre as novas tarifas divulgadas pelo presidente americano. Desde segunda-feira, Trump tem enviado cartas a diversos líderes globais estabelecendo taxas mínimas para a negociação comercial. Até agora, 22 nações já foram comunicadas.

 

A situação preocupa o mercado financeiro devido à avaliação de que as tarifas podem elevar os preços ao consumidor e os custos de produção, o que tende a aumentar a inflação e forçar o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) a manter os juros do país altos por mais tempo.

 

Na agenda econômica brasileira, o destaque do dia é a divulgação do IPCA de junho, que confirmou um novo estouro da meta de inflação do país. Houve uma alta de 0,24% em junho, acumulando 5,35% em 12 meses, bem acima do limite de 4,50%.

 

Assim, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, precisa divulgar uma nova carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando os motivos do estouro.

 

Tarifa de 50% sobre o Brasil


De acordo com a carta de Trump enviada nesta quarta-feira, a tarifa de 50% será aplicada sobre "todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os EUA, separada de todas as tarifas setoriais existentes".

 

Produtos como o aço e o alumínio, por exemplo, já enfrentam tarifas de 50%, o que tem impactado diretamente a siderurgia brasileira.

 

Assim, a nova tarifa deve atingir em cheio outros setores estratégicos da economia nacional. A medida pode afetar diretamente itens como petróleo, aço, café e carne bovina, que lideram as exportações do Brasil para os Estados Unidos.

 

Além do teor político da carta, Trump também justificou a taxação como uma resposta às tarifas e barreiras comerciais impostas pelo Brasil, classificadas por ele como “injustas”.

 

O presidente americano disse que o comércio com o Brasil gera um déficit insustentável para os EUA, o que colocaria em risco a economia e a segurança nacional.

 

Apesar do argumento, dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que o Brasil tem registrado déficits comerciais seguidos com os EUA desde 2009 — ou seja, há 16 anos.

 

Resposta de Lula


Em resposta a Trump, Lula afirmou que o Brasil não aceitará ser tutelado por ninguém e que a elevação unilateral de tarifas sobre exportações brasileiras será respondida com base na Lei da Reciprocidade Econômica.

 

A lei, aprovada pelo Congresso quando Trump começou a impor tarifas extras a países de todo o mundo, prevê que o Brasil deve taxar quem também o taxa.

 

A carta de Trump, porém, também trouxe um alerta claro: se o Brasil reagir elevando suas próprias tarifas, os EUA aumentarão ainda mais as taxas sobre produtos brasileiros.

 

Por outro lado, Trump sugeriu que a tarifa poderia ser reduzida caso o Brasil abrisse seus mercados e eliminasse tarifas e barreiras comerciais.

 

Ele também afirmou que empresas brasileiras poderiam evitar a tarifa ao fabricar seus produtos diretamente nos Estados Unidos, prometendo agilizar os processos para viabilizar essa iniciativa.

 

Cartas a outros países


Desde o início da semana, Trump tem enviado cartas a líderes de diferentes nações, definindo tarifas mínimas para as negociações comerciais desses países com os EUA.

 

Na segunda-feira, por exemplo, 14 notificações foram enviadas, com alíquotas mínimas sobre produtos importados que variavam de 25% a 40% e têm vigência a partir de 1º de agosto.

 

A segunda leva de cartas foi enviada nesta quarta-feira (9). Ao todo, oito países foram notificados: Argélia, Brasil, Brunei, Filipinas, Iraque, Líbia, Moldávia e Sri Lanka.

 

As cartas seguem um padrão semelhante: Trump afirma que o gesto representa uma demonstração da “força e do compromisso” dos EUA com seus parceiros e destaca o interesse em manter as negociações, apesar do déficit comercial significativo.

 

Os temores com as tarifas também acabaram mascarando o efeito positivo vindo pelo adiamento da retomada do tarifaço, anunciado por Trump na última segunda-feira. A nova data ficou para 1º de agosto.

 

A suspensão de 90 dias das tarifas impostas pelo republicano estava prestes a expirar nesta quarta-feira (9), e o baixo número de acordos firmados até o momento continuava a gerar preocupação.

 

*Fonte: g1 AM

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